segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Carta aberta a uma ladra de corações.


Você me escreveu puxando um assunto qualquer e depois de algumas palavras respondidas disse que queria me ver. Relutei porque automaticamente me lembrei de como foram os últimos encontros, onde uma tristeza enorme tomava conta de mim por não ter mais o que tinha antes, por ter que me contentar com muito menos do que tive, do que provei, amei, sonhei e jamais quis deixar de ter. Mas você insistiu e eu acabei concordando.

Nos encontramos e no 1º momento um forte abraço. Meu coração disparou ao mesmo tempo em que um rio de lembranças se manifestava em forma de lágrimas. Enxuguei rápido e disfarcei. Seguimos para a praia no final da tarde. Não estava tão quente e podemos sentar juntos a brisa do mar para conversar e afastar o abismo gigante que nos separava.

Seu sorriso era perfeito como sempre. Você parecia ainda mais linda do que a mais linda do mundo que tantas vezes vi e amei. Em você eu não via tristeza, só via felicidade, um frescor e uma leveza rara. Era você sendo você e despertando em mim múltiplas sensações.

Começamos de forma simples, falando do trabalho, do que fizemos nos últimos meses, de coisas bobas e logo estávamos falando de como éramos, de como nos divertíamos e de tantos bons dias e noites que tivemos. Eu controlava as lágrimas que insistiam em transbordar de mim a cada momento que era relembrado. Ao mesmo tempo eu pensava comigo mesmo que tudo o que era falado ali poderia se multiplicar e multiplicar sem parar por tantos e tantos dias. Batia um lamento sem tamanho e eu seguia na luta para me manter ali.

Falamos por horas até que o silêncio nos pegou. Por alguns minutos eu só te olhava, enquanto você olhava o mar, espiava o celular, me olhava um pouco e repetia esse processo algumas vezes. Eu só podia te olhar, olhar e olhar, curtindo essa beleza rara que Deus lhe proporcionou. Eu estava ali sentindo saudades da minha namorada.

A pergunta que tantas vezes te fiz vinha a minha cabeça: Quer casar comigo? Mas eu não repeti, apenas guardei comigo aquele desejo. Sem dar sinais você quebrou o silêncio: Ainda sou o amor da sua vida? Não havia outra resposta que não fosse “para sempre”. Sua réplica foi um beijo como o 1º que tivemos, com um tempo que não se podia medir, um lugar que não se podia imaginar, sensação que não se podia explicar. Ao mesmo tempo em que eu não queria interromper aquele beijo perfeito, ímpar e de gosto único, eu precisava abrir os olhos para te olhar e tentar entender. Mas às 08:30 h o celular despertou e eu acordei.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Nova gravidade


E a gravidade se personifica, o centro das atenções e tudo mais que te mantém preso se reúne em um corpo, em alguém. 
A terra ganha um novo centro e a vida um novo sentido. 
Tudo passa a girar em torno de um único eixo, seja na primeira hora do dia ou na última hora da noite.
O primeiro pensamento se confunde com o último, como se não houvesse intervalo, sendo continuo na direção e na intensidade. 


Nada mais seria como antes e tudo passaria a ser por esse alguém. 
E quando o céu é capaz de ler os pensamentos e sentir o que se passa no interior daquele coração, ele amanhece cinza, sem calor, sem um vento que mostre a direção a ser seguida. 
Ele não fornece um norte e parece estagnado, travando os ponteiros do relógio, deixando o tempo congelado, independente das horas de hibernação. O antídoto se foi e conviver de forma dolorida e incompleta não é uma escolha, mas sim uma necessidade.

slsjr

domingo, 26 de outubro de 2014

Tempo, espaços, vírgulas


O tempo estava programado
A plenitude tinha hora marcada para se findar, mesmo que ainda fosse desconhecida

Os dias foram vividos em sua extremidade absoluta
Pois o amanhã poderia não existir

Dias, semanas, meses
Até que fosse possível imaginar que não haveria fim

Mas ela surge sem pedir licença
Não se sabe nem a porta utilizada para entrar, mas entrou

Fato é que ela se mostra novamente presente
Junto ao estado de inércia e quase desalento


Um detalhe, uma vírgula, uma palavra ou a ausência dela
Todos juntos ou apenas um desses elementos já seria suficiente para lhe transportar a uma outra dimensão

Um outro lugar nebuloso, vazio e frio
Mais uma prova, mais um teste e um vestibular que parece infinito

Ela bate à porta
Ela invade
Ela sempre volta


sábado, 18 de outubro de 2014

Droga do amor



Sonho que nasce a partir de um sorriso, um olhar.
Várias certezas e verdades tornam-se obsoletas.

O aprendizado de toda uma vida é corroído diante do novo, do inédito.
Um novo ciclo surge sobre as oscilações de uma corda bamba.

Uma grande lacuna começa a ser preenchida, completada.
Lá sempre esteve, porém sem o remédio que pudesse encerrá-la.

Em doses homeopáticas era possível sentir a cura, a paz.
Na ausência da mesma era cada vez mais evidente a necessidade de doses maiores.

Viciante como droga e prazeroso como o amor.
Uma overdose de sentimentos com o dom da transformação. 


O incompleto completo.
O parcial pleno.
O fraco feroz.

De tão imensa a conveniência, esmagou-se o sonho.
Escorreu por entre os dedos, se desfazendo.

Voltava ao seu tamanho normal, incompleto, parcial e fraco.
Adoecendo, seguindo em fragmentos, saindo na chuva para disfarças as lágrimas.


slsjr

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Eu teria que amar menos


Eu teria que amar menos
Para que as noites não fossem tão frias
Para que o coração suportasse com mais facilidade
Para que os dias de ausência fossem mais curtos

Eu teria que amar menos
Para que coisas pequenas não tomassem uma proporção colossal
Para que detalhes continuassem sendo apenas detalhes
Para que os pensamentos não fossem tão desviados

Eu teria que amar menos
Para que não precisasse de tanto para ser completo
Para que existisse a autossuficiência
Para que não fosse necessário chamar sua atenção

Seria viver sem jamais entender plenamente o significado da saudade
Seria viver sem os sorrisos mais gratuitos
Seria viver sem aquilo que era inimaginável


Eu teria que amar menos
Para que não existisse medo da chuva que pode te levar
Para que fosse normal uma vida sem ti
Para que fosse natural abrir mão da presença tua

Eu teria que amar menos
Para que o primeiro pensamento do dia fosse outro
Para que a última lembrança pudesse variar
Para que as noites de sono fossem tranquilas longe da metade que completa a outra

Eu teria que amar menos
Para que a bifurcação não fosse temida
Para que os reencontros não fossem tão aguardados
Para que o tempo não precisasse parar ao lado teu

Seria viver sem a maior das experiências
Seria viver achando que sabia tudo
Seria viver sem o dom do amor

Eu teria que amar menos para não ter que amar tanto
Seria viver, mas viver o quê?

slsjr

domingo, 7 de setembro de 2014

Enquanto você dorme

Enquanto você dorme eu sonho
Sonho com novos capítulos, com novos sorrisos
Com a história jamais vivida

Enquanto você dorme eu sinto
Sinto que ainda existem muitos versos, que ainda não chegamos à metade
E que o sonho permanece sendo sonho

Enquanto você dorme eu vivo
Vivo meus dias pensando nos seus, querendo estar aí 
E planejo nossas vidas

Sou passageiro sem acesso ao leme
Refém em águas de um mar aberto
Navegando eventualmente na calmaria


Enquanto você dorme eu canto
Cantos as canções escritas pra ti, os refrões que tolamente tentam explicar o que se passa, 
Mas que não são capazes

Enquanto você dorme eu caminho
Caminho te imaginando ao meu lado, de mãos entrelaçadas como correntes, 
Como se nada pudesse quebrá-las

Enquanto você dorme eu sigo
Sigo tentando entender, ouvindo a voz que ecoa dentro do meu peito 
E questiono os motivos deste laço

Relutei em vão, pois sou pequeno
Trasbordo porque sozinho não posso tanto
Vou e volto infinitas vezes para dar conta
E enquanto você desperta, durmo eu

slsjr

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Luz falha em dias escuros


Eu me mostrei e mostrei o novo.
Mostrei o inédito que nasceu em mim após o encontro da parte que me faltava.

Em me joguei e Joguei sem regras.
Joguei o jogo que a vida me impôs como missão diária.

Eu me fiz entender e entender quem eu era.
Entender o que havia sido encontrado naquele sorriso.

Eu me fiz perceber e perceber o que era preciso.
Perceber que completo me tornei ao misturar daquelas vidas.


Então inflei para voar com regulares retornos ao chão.
Planando em voos breves que insistiam em terminar antes do tempo necessário.

As parábolas tornaram-se um roteiro continuo em caminhos incertos.
Uma luz falha em dias escuros.

Enquanto o paradoxo passou a me cercar como verdadeiras grades.
Não existiam bifurcações, esquinas ou pontos finais.

No fim a invisibilidade foi o caminho obrigatório. 
Sem escolhas, apenas aceitação.

slsjr

quarta-feira, 4 de junho de 2014

24 horas de sono


O sono vem, mas sem a vontade de dormir. Seria me desligar do mundo e perder um tempo precioso olhando o mar, aprendendo, evoluindo, amando.

O sono vem, mas existe uma luta para que ele não vença essa briga por perda ou ganho.
Bate o medo de não acordar, de perder algo insubstituível ou que não volta mais.

Mas o corpo pede, ele implora por uma pausa, enquanto uma vida intensa me chama lá fora. Tanto por fazer num curto espaço de 24 horas.

Não é suficiente, não basta e não cabe diante do combustível que hoje me move e que me leva em busca dos meus caminhos, meus lugares e minhas pessoas.


Os dias seguem e o relógio não para. 
O tempo de fato parece não passar, mesmo acabando em seguida. Os passos são mínimos, imperceptíveis, onde as mudanças e novidades nem sempre podem ser notadas.

A vida que se vive não satisfaz, não sacia, não completa.
A vida que se quer não lhe pertence, mas está logo adiante.

Ao mesmo tempo é tão próxima, que não desejar, não sentir e não sonhar se torna uma missão impossível, onde não se pode resistir.
A sedução vence os receios e medo.

slsjr

terça-feira, 1 de abril de 2014

Janelas


Eu vou gritando daqui / Tentando te fazer enxergar
Novos caminhos existem / Quem sabe o que pode estar lá?

Até quando vale a pena insistir?
Até quando viver assim?
Aqui você tem tudo de mim
Um lugar só teu

O tempo não para / Os dias não esperam você
Seja feliz agora / Não há tempo a se perder

Talvez a porta que você pediu
Seja essa janela que se abriu
Será que você não viu?
Estou aqui e sou teu

Então não me peça para não sonhar
Como poderia ser
Uma nova história, uma segunda chance
Para eu e você


A noite chega / A saudade já faz parte de mim
Não quero mais procurar / O que preciso encontrei em ti

A vida inteira esperei por você / Mesmo que eu não pudesse saber
Será que você não vê? Estou aqui pra você

Por quê você me completa assim?
Não procurei, mas encontrei
O que jamais podia imaginar
Eu encontrei em um só lugar

sábado, 8 de março de 2014

Mulheres

 Tão superiores, necessárias e fundamentais
Tão impossíveis, imprevisíveis e mutantes

São o equilíbrio e o peso extra
São a nossa loucura e lucidez
São um eterno paradoxo

São atemporais
São passado, presente e futuro
São o que são em um mesmo instante

Sem elas o que somos?
E com elas o que somos?
 
São falantes por natureza, pois têm muito mais a dizer
São poderosas por natureza, sem que a força seja seu principal argumento

Nos concedem a vida e nos conduzem pela mesma
Nos concedem um "não" com o sorriso de um "sim"
Nos tiram algo sem subtrair e somam sem o trasbordar

Maneiras de lidar com elas existem, mas nossa capacidade não nos permite tal sucesso
Então deixemos de entendê-las e vamos atrás

E essas palavras?
Nada dizem, não são suficientes

Parabéns mulheres pelos seu dia!
Parabéns por serem o que são


slsjr

quinta-feira, 6 de março de 2014

Não, você não tinha esse direito

Não, você não tinha esse direito
Os pensamentos eram meus
Os caminhos também
Eu podia acordar e escolher o que fazer
Eu podia sair e decidir pra onde ir

Não, você não tinha esse direito
Os planos eram singulares
Os objetivos eram pessoais
Eu podia viver por mim mesmo
Eu podia deixar o vento me levar

Não, você não tinha esse direito
Me mostrar na marra o amor?
Me mostrar que a saudade não era o que eu pensava?

Não, você não tinha esse direito
Levar meus pensamentos como se fossem seus?
Levar o meu coração sem mais me devolver?


Como ficam meus dias?
Como ficam minhas noites?
Como fica a minha vida?

Que parte é essa que agora me falta reiteradamente?
Que plenitude é essa que surge apenas na presença tua?

Não nasci inteiro então?
Tu és o que me faltava inanimadamente?
Então me leve de uma vez por todas

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Quedas


Vão sempre te puxar para baixo
Vão sempre te impor correntes
Vão sempre te cercar de barreiras

Outros dirão que não é possível
Outros dirão para que desista
Outros dirão que é perda de tempo

Alguns lançarão olhares tortos
Alguns farão pouco caso
Alguns estarão sorrindo com desprezo

Mas se te derrubam você levanta
Se te matam você vai renascer
Se te machucam a cicatriz vai te lembrar de onde errou


A direção é ditada por nós
A altura é ditada por nós
A duração é ditada por nós
O tamanho, o sabor e o valor também

Portanto ninguém sabe mais de você do que você mesmo
As decisões são suas
Os resultados são seus

As opções estão em cada esquina
O medo não pode te impedir de escolher uma delas
Viver em vão é apenas sobreviver

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Paz roubada


A paz chegou, aparentou ser plena, mas novamente me foi roubada. Parece nunca perdurar. Ela se aproxima, diz que vai ficar, mas logo levanta mais uma vez a dúvida sobre a sua permanência.

Caminhos em forma de parábolas, levitações e logo à frente o chão duro que em nada amortece a queda. A ferida abre, mas a droga que cura logo se faz presente. O processo de cicatrização é iniciado mais uma vez. Em doses homeopáticas tudo se repete num ciclo que parece não ter fim. Paralelamente o tempo parece imensurável. Início, meio e fim se misturam em um gigante turbilhão de idas e vindas.

Sol e frio, noite e dia, tudo e nada.
Seria possível ficar para não mais partir?
Seria possível que os momentos vividos através dela se multiplicassem?
Seria possível que o temor pela partida definitiva deixasse de me abraçar dia após dia?


Paz que vai sem dizer quando volta e se volta. Paz que volta sem dizer se voltará a partir. Paz que dura pouco e que vale a vida toda.

Paz sonhada, ainda que eu não esteja dormindo. Paz cega e lúcida. Paz chorada e sorridente. Paz escrita na primeira e na terceira pessoa. 
Paz do verbo viver, do verbo amar.