E com maquiagem pintei um sorriso
em meu rosto. Tudo em vão. Logo as lágrimas borraram tudo e o buraco
causado pela ausência tua ficou evidente em meu semblante confuso que
dizia tudo e nada. Era necessário buscar as ruas, as pessoas, uma
anestesia, a droga que aquietasse o coração mesmo que temporariamente.
Em outros corpos não era possível te
encontrar e em outros lugares em que nunca estivemos minha memória insistia em
fantasiar como seriamos nós dois lá, fazendo existir uma saudade futura,
saudade do que nem chegou a existir, onde os filmes nunca vistos
fizessem falta agora, onde os dias nunca vividos fossem parte de um passado
existente apenas dentro de uma cabeça doente. Doente de saudade.
E nós só precisaríamos ser o que sempre
fomos: Eu e você, nós dois. Diferente de tudo, de todos, multiplicando os
dias perfeitos que vivemos um ao lado do outro, os dias que nunca eram
suficientes, pois o tempo nunca dava conta do tanto que havia pra ser dito,
feito, vivido, recebido, trocado.
Os olhos um dentro do outro, a respiração
compartilhada, o cheiro que se misturava tornando-se apenas um, o nosso.
Os incontáveis sorrisos livres de qualquer
mágoa, tristeza ou lembranças ruins. Os beijos que não podem, nunca, ser explicados
com meras palavras, assim como os abraços que renovavam sempre a nossa
ligação e o silêncio que se estabelecia quando sua cabeça repousava em meu
peito para as melhores horas de sono.
E nós só precisamos ser o
que sempre fomos.
Eu você e o resto é nada mais.
Eu você e o resto é nada mais.