domingo, 26 de outubro de 2014

Tempo, espaços, vírgulas


O tempo estava programado
A plenitude tinha hora marcada para se findar, mesmo que ainda fosse desconhecida

Os dias foram vividos em sua extremidade absoluta
Pois o amanhã poderia não existir

Dias, semanas, meses
Até que fosse possível imaginar que não haveria fim

Mas ela surge sem pedir licença
Não se sabe nem a porta utilizada para entrar, mas entrou

Fato é que ela se mostra novamente presente
Junto ao estado de inércia e quase desalento


Um detalhe, uma vírgula, uma palavra ou a ausência dela
Todos juntos ou apenas um desses elementos já seria suficiente para lhe transportar a uma outra dimensão

Um outro lugar nebuloso, vazio e frio
Mais uma prova, mais um teste e um vestibular que parece infinito

Ela bate à porta
Ela invade
Ela sempre volta


sábado, 18 de outubro de 2014

Droga do amor



Sonho que nasce a partir de um sorriso, um olhar.
Várias certezas e verdades tornam-se obsoletas.

O aprendizado de toda uma vida é corroído diante do novo, do inédito.
Um novo ciclo surge sobre as oscilações de uma corda bamba.

Uma grande lacuna começa a ser preenchida, completada.
Lá sempre esteve, porém sem o remédio que pudesse encerrá-la.

Em doses homeopáticas era possível sentir a cura, a paz.
Na ausência da mesma era cada vez mais evidente a necessidade de doses maiores.

Viciante como droga e prazeroso como o amor.
Uma overdose de sentimentos com o dom da transformação. 


O incompleto completo.
O parcial pleno.
O fraco feroz.

De tão imensa a conveniência, esmagou-se o sonho.
Escorreu por entre os dedos, se desfazendo.

Voltava ao seu tamanho normal, incompleto, parcial e fraco.
Adoecendo, seguindo em fragmentos, saindo na chuva para disfarças as lágrimas.


slsjr