domingo, 26 de maio de 2013

Percebe que nada pode


E ele percebe que nada pode
Não pode ligar quando quer
Não pode escrever quando tem vontade

Não pode dizer tudo que sente
Não pode viver um terço do que sonha

Não pode esperar pra sempre
Não pode viver sem as migalhas desse tempo

Percebe que nada pode
Não pode sentir tanta saudade
Não pode deixar tudo pra trás

Não pode compartilhar o que vê
Não pode planejar sequer o dia seguinte

Não pode sentir ciúmes
Não pode esperar que estivesse junto dele


Percebe que nada pode nessa história e que não existe controle sobre nada
Percebe que não se conhece mais e que a vida tenta lhe dar uma lição

Percebe que existem dois dele e que um deles é muito melhor
Percebe que está bem lúcido, mas que nunca esteve tão perdido

sábado, 18 de maio de 2013

Vida



Muitos eram os obstáculos e barreiras de desconfiança, mas em se tratando de amor verdadeiro nada poderia interromper o fluxo natural. Estava escrito que aquelas duas vidas precisavam se cruzar, precisavam ter uma segunda chance, mas caberia a eles decidir o caminho, enfrentar ou não as estradas sinuosas para escreverem juntos uma nova história ou continuarem a viver uma antiga que já não satisfazia.

Fácil? Certamente não, mas o tempo não pode ser perdido nesta única vida que temos pra viver. Amanhã poderia ser tarde para aproveitar o presente que lhes foi dado, a oportunidade oferecida pelo amor que brotou em ambos os corações e que precisava a qualquer custo ser vivido. 


Em certos momentos a distância pode ter sido enorme, fazendo o coração gritar, doer, mas eles fizeram com que ela fosse diminuindo e decidiram seguir em frente de cabeça erguida, blindados, deixando de fora tudo que poderia interferir, tudo que não estava ali pra somar.

Mas o caminho estava traçado, estava decidido em uma estrada sem bifurcações, sem outras opções que não fosse a de escrever o segundo e definitivo capítulo de suas vidas em busca da felicidade.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Protegida Pt II



Ela parecia precisar de cuidados e de proteção quando seus caminhos se cruzaram. Logo ao primeiro contato foi possível perceber que não era apenas mais uma vida que passava pela dele, o que foi ficando mais evidente a cada contato. Era nítida a paz, felicidade e falta dos mesmos a cada despedida. Na medida em que a confiança aumentava, os segredos foram se expondo aos poucos e a distância entre eles diminuía gradativamente. Por ela ele passou a ser chamado de anjo e ela se tornou então a sua protegida.

A partir de então as vidas passaram a se misturar e a felicidade dele dependia primeiramente da dela. Muitos foram os chamados atendidos prontamente em horários e dias diversos. Não importava quando, se ela chamava, ele estava lá entregando o necessário para que a normalidade se estabelecesse, mesmo que temporariamente. Ao acordar, o objetivo de cada dia passava a ser o bem estar dela, passando assim todas as horas até o último momento, momento em que os olhos se fechavam para amanhecer da mesma forma sempre e começar tudo novamente, dia após dia.





Ela se tornou sua melhor amiga, sua companheira, parte significativa de sua vida, aquela que outrora faltava e que agora o completava. Ser necessário a ela se tornou sua maior felicidade e quando os chamados não aconteciam, ele sentia falta de ser útil. De fato não era mais apenas uma missão ou um gesto de carinho gratuito. O anjo amava sua protegida, que conseguia dele a melhor parte possível e percebia a cada encontro, a cada despedida como era importante tê-la por perto.

Ele estava entregue, vivendo sua vida como se fosse a dela, se realizando dessa forma e desejando ser sempre a sua primeira opção, sua redoma e que fosse assim pra sempre. Ela agora era necessária em sua vida, não apenas como sua protegida, mas como aquela que lhe mostrou o real significado do amor, como aquela que redefiniu a palavra saudade.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Passos em falso



E quando tudo parecia relativamente menos dolorido, o próximo segundo se encarregou de jogar tudo ao chão. Um detalhe, um mínimo acontecimento e lá se foi o dia.

Tudo indica que ele esteja acordado já que abriu os olhos ao levantar da cama, mas se não sente o ar e não enxerga nada, ele acordou de fato?

Ao seu redor nota uma correria sem controle onde todos querem ocupar o mesmo espaço. Se vê inerte, esperando uma pequena lacuna que possa recebê-lo.

Não, ele não deseja estar em vários lugares e o mundo aos meus pés. Queria apenas um lugar, uma única companhia.
 

Então segue junto a esse paradoxo, indo ao céu, mas tendo que manter os pés no chão. Quando volta, sua casa não parece ser o seu lar.

Do auto dos seus desejos mais egoístas, assiste de longe a vida que deveria lhe pertencer. Assiste de longe as cenas em que deveria atuar e as fotos onde deveria se eternizar.

Então ele observa à distância a coreografia de uma vida da qual deseja fazer parte, querendo compartilhar da mesma dança, do mesmo dia a dia, esperando que o capítulo final seja o melhor para os dois.

São as imperfeições de uma história ainda sem final pra se contar. São quadros incompletos, músicas inacabadas e versos que procuram pelo desfecho correto.