Tento em vão sair deste quarto escuro, desta
prisão. Sei que existe todo um mundo lá fora, mas me pego preso ao erro mais
certo desta minha breve passagem por este plano.
Tentar ignorar ou esquecer é perder tempo, pois as
marcas foram gravadas na pele com navalha, como tatuagem que não se apaga. A
cada novo episódio, menos é possível se entender. O termo
"inexplicável" finalmente parece fazer todo sentido, parece ter
alguma explicação. Percorro fronteiras tênues e vivo conflitos internos na
tentativa de encontrar as palavras certas, as respostas, o gesto mais adequado,
o caminho menos indolor.
Vivo um desespero sóbrio e uma revolta lúcida por
não depender das minhas próprias forças para transpor barreiras que a vida me
impõe, barreiras que impedem a transformação do sonho em realidade, que impedem
a transição de breves momentos de felicidade em felicidade plena.
Escolhas racionais
seriam tão mais simples, mas o idiotismo do coração insiste em falar mais alto.
Ele escolhe, decide, resolve ou não resolve de fato.
Trabalho a
autossuficiência, mas ele, o coração, teima em medir forças numa proporção
covarde, tamanha diferença entre a emoção e a razão. Tu sabes que é errado,
insisti no erro, vive breves momentos de felicidade e outros intermináveis de
vazio no peito e dor que se manifesta de forma física. Ainda assim fica
aguardando de forma desesperadora por mais uma dose dessa irresponsável
história. Irresponsável pelos riscos, pela intensidade, pelo tamanho e pela
incerteza mais certa de todas.
“Pudera eu viver
sem coração”
*Trecho extraído da música "Cada poça dessa rua tem um pouco de minhas lágrimas" da Fresno.

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